sexta-feira, 8 de julho de 2011

Coisas do Brasil

Ficar um tempo "no estaleiro" até que tem seus encantos e algumas vantagens.

Uma delas é a possibilidade de exercitar a capacidade de indignação com as diversas mazelas, tão comuns nesse nosso gigante entorpecido, ou de povo entorpecido - notadamente a parcela da população alojada no topo da pirâmide social, clasificada pomposamente como classes A e B.

No auge do estado de letargia em que se veem mergulhados esses privilegiados grupos de brasileiros, transportam-se para um mundo de utópica perfeição, numa tentativa frustrada de ignorar a massa composta pelos milhões de compatriotas que não foram contemplados com sorte semelhante.

É do meio desses abastados seres, acomodados confortavelmente no ápice da pirâmide, que saem as quase 4 milhões de pessos que coloriu e animou a Parada Gay que agitou as principais vias da cidade de São Paulo, postulando o reconhecimento do seu direito à liberdade de opção sexual.

Igualmente, provém dessa camada da sociedade, a quase totalidade dos milhares de manifestantes que se bateram recentemente com a polícia paulista, pela defesa da legalização da maconha, numa cena dígna das manifestações ocorridas nos países do oriente médio , contra as ditaduras que se perpetuam no poder da grande maioria daqueles países.
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Não pensem que estou querendo utilizar este espaço para externar idéias xenofóbas, ou de intolerância em relação àqueles que se deliciam - viajam - tragando generosas baforadas da fumaça oriunda da queima das folhas de "canabis sativa".

Defendo a plena liberdade das pessoas escolherem a melhor forma de ser feliz, desde que a sua felicidade não seja fruto do infortúnio de outrem.

Faço menção aos episódios acima, para ilustrar a capacidade de articulação presente na natureza do nosso povo que, em geral, é tido como um "povo cordeiro".

O mais grave é que essa imagem de "povo cordeiro", incapaz de externar sua indignação e rebelar-se diante de tantas atrocidades praticadas pelos gestores públicos, em todos os níveis da Administração Publica, é fartamente aproveitada por essas aves de rapina que abundam nos diversos setores da Administração e que, confiantes na impunidade, se fartam no banquete proporcionado pelo erário.

Assistimos, inertes, milhares de brasileiros morrerem nas filas dos hospitais públicos, sem merecer um mínimo de assistência; o sucateamente acelerado da estrutura educacional, onde proliferam livros de péssima qualidade, permeados de erros inadmissíveis, desvios ou má aplicação dos recursos destinados à merenda escolar, que faz chegar aos alunos alimentos em decomposição - isso quando se compra alimentos; a deficiente estrutura da segurança pública, que faz com que o cidadão se sinta constantemente ameaçado nas vias públicas, e o pior: o estado de ameaça tem se estendido até os nossos lares.

Diante destas constatações, ponho-me a sonhar com a possibilidade do "povo cordeiro" despertar, perceber que estão tripudiando da sua capacidade de rebelar-se contra tantas mazelas e, enfim, e forma legítima, decidir mobilizar-se, ocupando as ruas exigindo o fim da corrupção que ceifa, a cada dia, tantas vidas de filhos inocentes desse gigante entorpecido - enfim desperto - que chamamos BRASIL!      

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